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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

The Queen's History: Useless hope

Antes de toda essa loucura começar, eu era uma garota normal. Sonhos, desejos, esperanças. A insaciável sede de conhecimento, de talento, de reconhecimento. Não sei dizer até que ponto todas essas coisas me motivaram a fazer o que fiz, até porque esses não eram meus únicos desejos - por mais fortes que fossem.
Pergunte a qualquer mulher qual é o seu mais profundo desejo e todas elas responderão a mesma coisa: ser amada. Assim, muitas esperam eternamente pelo principe encantado cheias de sonhos e esperanças, enquanto outras simplesmente perdem a capacidade de sonhar.
Eu já esperei pelo amor. Eu o encontrei. Entreguei meu corpo e minha alma a ele, acreditando que só assim seria feliz. Esperando que um dia eu finalmente sentisse que ele me amava também. Esperando que ele me olhasse no fundo dos olhos e se sentisse completo, exatamente como eu me sentia. Esperando que um dia ele percebese que já não era a gravidade que o mantinha preso ao planeta, mas sim o amor que nos mantinha presos um ao outro.
A essa altura, nem preciso dizer o quão inútil foi toda essa esperança. Aprendi a desprezar sentimentos nobres e sonhos infantis, a eliminar qualquer coisa que estivesse entre mim e meus objetivos. Aprendi a me manter calada mesmo com o coração ardendo em brasa, já que uma discussão com Dante só nos afastaria mais.
O mais difícil, porém, foi aprender que "só você me satisfaz" é totalmente diferente de "eu te amo". Pergunte a qualquer mulher a diferença entre os dois e poucas saberão responder. Tudo que sabem é que querem ser amadas e quando o "principe encantado" as faz acreditar que satisfação é amor, está tudo bem. Mas no fim do dia, bem lá no fundo, todas nós sabemos a verdade e no mais íntimo segredo esperamos que nunca deixemos de esperar.


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Não demorei muito dessa vez!
Espero que gostem e comentem.

beijos mil ~

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

The Queen's Story: Totally mine

"Junte-se a mim e poderá ser tudo que quiser. Seja minha e o mundo será seu."
Mesmo depois de tanto tempo, essas palavras ainda ecoam em minha cabeça. Lembro-me bem da maneira como ele me convenceu. Parecia tudo tão impossível, improvável... O mundo seria meu. Se eu pudesse me ver naquele dia, veria meus olhos brilhando e o mais sincero sorriso que já brotou em meus lábios. Ele não precisaria me dar nada, absolutamente nada, se apenas ele fosse meu.
Mas não é assim que funciona com Dante, é claro. Ele pode ser absurdamente encantador, se preciso, como uma serpente. Sua voz soa como a mais bela melodia e seu sorriso é estonteante. Quando me dei conta do estrago, já era tarde demais... O mundo já era meu.
Não que eu merecesse. Tudo que tenho foi tomado a força. Por isso, me pergunto quão meu o "tudo" pode ser? Veja bem, eu matei pessoas. Isso quer dizer que suas vidas são minhas? E quanto aos que ainda vivem? Tudo que sentem foi causado por mim. Isso torna seus sentimentos meus?
Eu não compreendo. Onde termina o seu e começa o meu? Se o mundo me pertence, existe algo realmente seu para que possa ser, consequentemente, realmente meu?
Quando me lembro daquele dia e daquelas palavras, quase me arrependo. Quase. Se você provasse - pelo menos por um minuto - tudo que tenho, tudo que possuo, talvez pudesse entender. Quando se tem o poder de - literalmente - mover montanhas, acha que poderia se ver sem ele?
Talvez eu realmente possua algo, então. O poder. Eu o conquistei, com as minhas próprias mãos. Mas de que adiantou, no final? O único que eu sempre desejei que fosse verdadeiramente meu jamais o será. E eu, que possuo o mundo, serei eternamente dele.


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Hey ppl!
Eu tava deitada, pronta pra dormir e aí PUFF! Veio a inspiração que eu buscava há tanto tempo. *-*
Esse cap é dedicado ao Maurício, meu primo lindo do coração que me pediu que eu escrevesse algo sobre posse... Bem, tá aí, primo. Espero que você (e todo mundo, claro) goste. ♥
Então é isso!

beijos mil ~

sexta-feira, 28 de maio de 2010

The Queen's History: Dead or Alive?

Diga-me com sinceridade: o que é estar vivo?
Pergunta dificil, mesmo para mim, com meus sabe-se lá quantos anos de vida... ou seria existencia? Saberia diferenciar as duas coisas? diferença?
Se você é daqueles que acredita que viver é muito mais do que respirar, há uma diferença incomensurável. Dirá que viver tem a ver com amar. Talvez até relacione as duas coisas diretamente: "se amar é viver, vivo porque te amo". Pra mim, tão ridículo que quase me faz rir.
Talvez você diga que manter seu coração batendo é o suficiente para estar vivo. Que enquanto suas células estiverem trabalhando, enquanto seu corpo estiver recebendo oxigênio e que seus órgãos vitais estejam em funcionamento, há vida. E então eu lhe pergunto novamente: o que é estar vivo?
E quanto a morte? Se seu coração parar de bater será o suficiente para que esteja morto? Para que deixe de existir?
Particularmente, eu acredito que não. Vida e morte estão sempre ligadas, como em uma balança... e não há balanças de um prato só.
Existem pessoas que quase morrem todos os dias, o tempo todo. Pessoas que quase não respiram mais... e se dizem vivas, tão vivas quanto qualquer outra. Pessoas que realmente desejam a vida, mesmo que o universo conspire para o contrário... e mesmo quando seus corpos não passam de corpos, ainda estão vivas no coração e na memória daqueles com quem compartilharam momentos (bons e ruins).
Do outro lado da balança estão aqueles que já nascem mortos. Aqueles que são mais como fantasmas, perturbados e melancólicos. Não há interesse algum pela vida e mesmo que houvesse não seria o suficiente. São apenas corpos aleatoriamente posicionados, esperando o fim... e quando o fim chega, a única mudança perceptiva ocorre nas células, que não trabalham mais. São tomados pelo silencio absoluto e são engolidos pela escuridão. Não são lembrados, lamentados... é como se nunca tivessem existido.
Não sei me definir, afinal, não sei o que sou. Viva ou morta, conheço muito mais do que sou capaz de relatar e ainda desconheço a questão mais básica de todas: o que é estar vivo?
Talvez eu descubra, um dia... e talvez então possa viver ou morrer, definitivamente. A questão é... quão viva ou quão morta eu desejaria estar?

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Hey ppl!
Eu não tomo jeito, né xD
Soooorry! =(
Espero que gostem e comentem *-*

beijos mil ~

quarta-feira, 26 de maio de 2010

The Queen's History: Forever

Há algo que eu ainda não contei e imagino que você esteja um tanto quanto curioso. O que eu quero dizer quando digo que sou imortal?
Exatamente isso. Eu não posso morrer. Existe uma parte de mim que não é mais humana. No começo, a proposta parecia tentadora. Era tudo que eu queria: viver com ele para sempre. Ser feliz para sempre.
Mas para sempre é realmente muito tempo. Tudo começa a ficar cansativo. Houve a inquietação antes da imortalidade chegar. O calor e a tensão das batalhas. A euforia da vitória... e depois, o tédio.
Não sei como Dante conseguiu se tornar imortal. Talvez eu nunca chegue a saber, da mesma forma que talvez nunca saiba a razão de ele ter escolhido a mim para partilhar esta "dádiva". Na época realmente pareceu, porém hoje me soa muito mais como um fardo.
É dificil conviver com a idéia de não poder amar novamente. Sim, porque mesmo que você não acredite nisso, eu realmente amei Dante... e por ironia, talvez, ele é o único que ficará comigo para sempre. Justo ele, a quem eu devo tudo e a quem não desejo mais.
Eu até partilharia minha imortalidade com alguém... se soubesse como fazê-lo. É claro que Dante jamais me ensinaria. Ele correria riscos enormes. Sou melhor em combate. Sou mais inteligente. Mais ágil. Mais silenciosa do que uma sombra. Se eu soubesse como adiquirir a imortalidade, é claro que descobriria como tirá-la de alguém.
E eu faria isso. Eu o amei profundamente e tudo que ele me deu em troca foi um fardo. Um exército. Um mundo inteiro de horror e desespero.
Se me arrependo? É claro que não. Gosto demais do poder para cogitar a idéia de deixá-lo de lado. Eu não gosto da solidão. Detesto ver os dias passando, pessoas nascendo e morrendo sem mudar nada em minha vida. Continuo do jeito que sou há não sei mais quanto tempo: veloz, eficaz, extraordinariamente forte e incrivelmente bela. E nada disso faz com que eu me sinta menos só.
Gostaria de ter alguém com quem dividir essa exepriencia incrível. Alguém de verdade. Já tentei fazer de Dante meu companheiro e não um rei. Mas ele nunca será nada além disso. Apesar de saber que o mundo só lhe pertence graças a mim, ele me vê da mesma forma que vê as pessoas comuns. Mortais.
Mortais têm a chance de serem felizes, mesmo no mundo de desgraça que construímos. Apaixonam-se, fazem promessas (e quebram-nas com a mesma facilidade que as fazem), constroem uma família, talvez um lar. E depois, simplesmente morrem.
Eu não consigo imaginar como seria morrer. Certamente, é algo que eu não saberei, até entender como eu me tornei quem eu sou.
O segredo da imortalidade é a chave para o inverso. Saber como se faz alguém imortal é saber como se desfaz. Viver ou morrer, realmente é tudo relacionado a ele.

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É, mais séculos sem posts. Eu peço desculpas. =(
Espero que gostem!

beijos mil ~

sexta-feira, 23 de abril de 2010

The Queen's History: Something they call love

Que a verdade seja dita: amor e interesse caminham lado a lado. Os dois são confundidos constantemente.
Eu observo muito. Talvez esta tenha sido uma das razões para Dante ter me escolhido. Depois de todos esses anos no controle do mundo, percebi que pode haver interesse sem amor (e quero acreditar que há), porém jamais haverá amor sem interesse.
Ambos têm a mesma origem: a promessa da felicidade. Antes de perceber que ama alguma coisa, você percebe que acha que seria feliz se possuísse a "coisa" desejada. Quando há amor, geralmente a felicidade está presente. Você se sente safisfeito, completo.
Já quando não há, o desejo nunca é saciado. Usamos pessoas, passamos por cima de todo e qualquer obstáculo - seja ele qual for. Aprendemos a mentir, a trair, a matar.
Eu realmente amei Dante. Ouvi suas promessas (que foram cumpridas, de certa forma), acreditei que seria feliz ao lado dele. Meu desejo não foi além da felicidade.
Dante, por outro lado, sempre me viu como uma arma. A arma perfeita. O que pode ser mais perigoso do que uma mulher que sabe usar todos os seus atributos com louvor? O que pode ser mais perigoso do que uma mulher apaixonada?
Com ele, eu aprendi a matar. Aprendi que meu veneno pode ser o mais letal, basta saber onde e como usá-lo. Dante despertou em mim o mais puro e irracional amor que já existiu... e o que eu sou para ele? Apenas o instrumento de suas manobras insanas.
Eu o amei. Ele me usou. Amor e interesse. Sempre caminham lado a lado, como rei e rainha de um mundo que ambos construíram.


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É, mais horrores sem postar. Não tenho tido inspiração. =(
O post de hoje foi uma ponte entre o meu pensamento e o da Trish. Nem precisei encarnar na personagem porque grande parte do que tá escrito é algo que eu penso e acredito.
Espero que gostem. ^^
(e eu prometo que vou fazer o possível pra postar sempre!)

beijos mil ~

sábado, 20 de fevereiro de 2010

The Queen's History: One Second

Qual foi a mudança mais rápida que você já presenciou? Há tempos atrás, eu diria que era a mudança do dia pra noite. Quando você menos esperava, a noite já estava ali. A lua já sorria, as estrelas já brilhavam e o vento tornava-se mais frio e ruidoso. Com o passar do tempo, percebi que muitas mudanças ocorrem a todo instante, basta olhar com atenção. Porém há uma mudança que ocorre tão rápido que quando nos damos conta, já é tarde demais.
Observar a vida deixando um corpo é impossível. Você tem apenas um segundo. Nada mais do que isso. Em um momento, há vida, mas antes mesmo de você piscar os olhos, ela já se foi para sempre. E não volta. Nunca mais.
Talvez essa seja a maior e mais rápida mudança de todas, já que não envolve apenas a pessoa que morre. Existem inúmeras outras vidas ligadas a essa que se foi, portanto, inúmeras mudanças que jamais poderão ser revertidas. A alegria se tornará tristeza para alguns, enquanto o inverso acontece para outros. A culpa pode chegar ou sumir. Haverá arrependimento por coisas ditas ou não. Tudo em um segundo.
Dá pra imaginar que a sua vida pode mudar completamente em uma fração tão desprezível de tempo? Um segundo. Nada mais que isso. É o tempo suficiente pra sua vida começar - ou terminar de vez. Um segundo. Foi o tempo necessário pra que eu tomasse uma decisão: matar ou morrer. Decidi matar. O segundo seguinte, mudou a vida de incontáveis pessoas e o destino de toda a humanidade. Quando a vida daquele homem abandonou seu corpo cansado, milhões definharam. Um segundo definiu o futuro de gente que não tinha nenhuma participação naquilo. Um segundo... nada mais do que isso.


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Hey ppl! Postzinho curto porque to morrendo de sono. >.<
Perdões novamente pela falta de posts aqui, mas as coisas andam meio corridas ultimamente, então nem tenho escrito muito, mas prometo que vou tentar vir mais aqui. ^^
Espero que gostem desse cap. =)

beijos mil ~

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

The Queen's History: Why me?

A consciencia é um obstáculo, uma barreira a ser quebrada quando se busca o poder. Quando se consegue ultrapassá-la com louvor, são poucos passos até o objetivo final. Se deixada de lado, a consciencia é apenas o sinal verde para começar a mentir. A trair. A matar.
Duvido que Dante tenha conhecido a consciencia algum dia. Sempre fora um fardo que ele não estava disposto a carregar. Sentimentos nobres não faziam parte daquilo que ele chamava de coração. Ele era todo feito de orgulho, frieza e desejo. Jamais admitiria que precisava de alguém para realizar seus desejos, e escondia isso com a mais perfeita frieza. Sua voz era tão clara e fria quanto o prateado dos seus cabelos e seu toque, áspero e cortante como uma espada. Mesmo agora, continuo sem entender a razão de ter me apaixonado por um homem como Dante, mas entendo menos ainda a razão de um homem como ele ter escolhido uma tola como eu.
Fui ingenua. Quando ele disse que teríamos o nosso próprio reino, não imaginei que mataríamos pra isso. Conforme o tempo passava, eu percebia os reais desejos dele. Não era a mim que ele amava, no final das contas, mas sim minhas mãos, ágeis e precisas. Mãos de uma assassina.
O tempo passou e eu observei o homem que eu amei abdicando de toda sua consciencia e de qualquer tipo de sentimento que houvesse dentro dele, enquanto corria para alcançar a única coisa que julgava realmente importante: poder. Quando finalmente o último guerreiro caiu e o povo estava cansado demais para lutar, ele tomou posse de tudo. Derrubou casas, destruiu famílias inteiras por mera diversão. Mantive-me ao seu lado, esperando que ele fosse meu. Porém a verdade esteve sempre estampada em sua face: ele jamais pertenceria a ninguém.
Fui usada. Acreditei quando Dante disse que eu poderia ter qualquer coisa que quisesse. Hoje, sou imortal. Rica. Posso ter realmente qualquer coisa num piscar de olhos, menos a mais importante: felicidade.
Não entendo. Por quê eu? Existem milhares de mulheres no mundo. Muitíssimas delas, mais belas e habilidosas do que eu jamais sonhei em ser. Não... deve haver um motivo. Tem que ter. E é justamente por ele que eu permaneço ao lado do rei, mesmo que eu nunca venha a saber porque ele me escolheu.


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Hey ppl!
Mais uma demorinha pra postar, mil perdões. Não tenho tido muita inspiração esses dias.
Tristeza ownando porque o Dudu foi embora. Já to sentindo muito a sua falta, meu rei! Eu te amo demais, ok?

Bom, sem mais delongas, tá aí o cap, espero que gostem e comentem!

beijos mil ~

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

The Queen's History: Keep breathing

Quando se tem o poder, dificilmente alguém lhe dirá algo com sinceridade. Farão de tudo para ganhar sua confiança, darão presentes, dirão coisas maravilhosas... e quando acharem que existe algo parecido com amizade entre vocês, pedirão favores. Impossíveis. Intermináveis. Principalmente para mim.
Perdi a conta do número de pessoas que vieram a mim com a mesma intenção: buscar proteção. Acreditavam que se eu não permitisse, Dante jamais os machucaria. Prometeram-me lealdade, sacrifício e dinheiro. Alguns até ousaram fazer ameaças. Tolos... Como se alguém como eu precisasse de lealdade, algum sacrífio e principalmente dinheiro. Como se ameaças de pessoas comuns me assustassem...
Não nego que alguns me divertem com seus pedidos e promessas estúpidas, porém na maior parte das vezes, só conseguem me irritar. Sempre que vejo o aglomerado de pessoas esperando-me do lado de fora, sinto vontade de matá-los. Claro que não é prudente fazê-lo, afinal, de que vale ser uma rainha sem ninguém para me temer? Portanto, saio com a cabeça erguida e procuro ignorar a maioria dos comentários. Vez ou outra respondo alguma coisa e faço com que saiam do meu caminho. Quase sempre funciona, já que a maioria treme só de ouvir minha voz.
Até hoje, só houve um pedido que realmente mecheu comigo. Um garoto de aproximadamente 8 anos me seguiu em silencio durante horas. Manteve uma distancia segura, porém perceptiva, de forma que eu não poderia deixar de sentir que estava sendo seguida e que ele não me perdesse de vista. Quando finalmente me cansei daquele joguinho idiota e perguntei porque estava sendo seguida, ele apenas chegou mais perto e segurou minha mão. Pude sentir que sua pele era áspera e bastante sofrida. Suas roupas eram terrivelmente surradas e parecia que ele não conhecia água ou sabão. Seus pés pisavam com firmeza na neve fria, mesmo que descalsos.
Caminhamos em silencio por alguns minutos. Minha mente era bombardeada por perguntas segundo a segundo. Quem era aquele garoto? Teria família? Sabia quem eu era? Se sabia, por quê não estava com medo? Para onde estava me levando? Por quê eu estou sendo levada?
Chegamos a um beco não muito longe do castelo. Ali, a neve era tão densa que mal podíamos andar. O garoto me apontou uma caixa e fez um sinal com a cabeça que eu interpretei como "vá em frente". Dentro da caixa havia um pequeno cachorro. Seu pelo era tão ralo que eu podia ver sua pele, roxa pelo frio. Havia cortes em suas patas e em seu fucinho. Ele não se mechia.
Fiquei parada ali por alguns intantes, sem entender o que estava acontecendo. Olhei o garoto nos olhos, buscando uma resposta. Ele me olhou de volta e percebi que seus olhos eram tão negros quanto os meus.
-Ele não está respirando. - foi o que pude ouvir. Não era um pedido. Não era uma promessa.
Naquele momento eu pude perceber que aquele garoto era tão solitário quanto eu. Provavelmente vivia naquele beco absurdamente frio, dormia de baixo da neve e talvez já nem sonhasse mais. Aquele cachorro era seu tesouro mais precioso, talvez o único. E ele não estava respirando.
Ainda hoje não sou capaz de descrever os sentimentos que surgiram em meu coração naquela tarde. Eu quis correr, gritar, sumir. Porém, meus pés não saiam do lugar. Eu não me reconhecia. Estava mesmo sentindo compaixão por aquele garoto?
Sem pensar, coloquei as mãos sobre o cachorro e proferi algumas palavras quase inaudivelmente. Alguns instantes depois, pude sentir que seu coração voltara a bater. Senti aquele pequeno corpo se contorcendo sob minhas mãos, como se acabasse de acordar depois de uma longa noite de sono. Senti seu pelo aquecendo levemente meus dedos. Senti sua respiração.
Afastei-me lentamente da caixa, enquanto o garoto tomava o pequeno animal em seu colo. O abraço poderia ter durado uma eternidade, eu não saberia dizer. Quando ele me olhou novamente, havia uma gratidão indescritível em seus olhos. Havia uma sinceridade absoluta que eu não acreditava que era possível existir. Havia uma promessa: lealdade. E essa, eu senti que era verdadeira.
Nem me dei conta de como cheguei ao castelo. Ainda hoje, lembro-me exatamente daqueles olhos profundamente marcados pela dor naquele pedido silencioso por ajuda. Não perguntei seu nome. Não lhe dei comida, abrigo, conforto. Não lhe dei proteção. Tudo que aquele garoto me pediu foi pra que não deixasse que seu amigo fosse embora. Ele não se incomodava com o frio, com a fome, com a dor... mas a solidão faria todo o resto parecer grande demais para que ele pudesse suportar.
Nunca mais os vi. Não sei se resistiram ao frio e a fome. Só tenho certeza de uma coisa: eles ficaram juntos até o fim. Enquanto um estivesse ali, o outro resistiria. Nunca fui capaz de compreender esse tipo de ligação entre dois seres vivos. Algo tão profundo que nem mesmo o mais sábio dos homens saberia descrever com exatidão.
Talvez essa tenha sido a única coisa verdadeiramente boa que eu fiz, sem nem saber porque. Por incrível que pareça, eu não me arrependo. Nunca mais fiz nada por ninguém. Cumpri as ordens de execussão com louvor, continuei ignorando as promessas, os pedidos, as lágrimas... Se me perguntar a razão de ter ajudado aquele garoto, eu diria que foi porque ele foi o mais próximo de mim que eu já pude chegar. Era como um espelho. A única promessa que realmente foi cumprida... e ás vezes, ainda posso sentí-lo em algum lugar bem no fundo do meu coração.


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Hey ppl! Tá aí mais um cap. Meio triste, né? :(
Gostei bastante de escrever esse, não sei dizer porque.
Bom, espero que gostem e não esqueçam de comentar. ;3

beijos mil ~

domingo, 17 de janeiro de 2010

The Queen's History: You can't be sure about anything

Já ouvi muita gente dizendo por aí que a única certeza que se tem é a morte. Lembro-me que também acreditava nessa história, mas com o passar do tempo, as coisas acabaram ficando mais complexas. Vida e morte tornaram-se coisas relativas. As duas estão ligadas a ele.
Dahlia foi uma mulher valente. Admiravelmente burra. Teria sido de grande ajuda para a Coroa se não fosse tão nobre. Acreditava que o amor a salvaria no final. Acreditava que morrer por quem se ama a tornaria uma heroína, que seria pra sempre lembrada como uma mulher corajosa e que seu sacrificio geraria outros, fazendo com que Dante caísse. Não posso deixar de sorrir ao me lembrar de sua face contraída de dor enquanto sua pequena filha gritava em desespero, implorando por sua vida. Pude ouvi-la soluçar durante três dias e três noites, atordoada pela dor de perder tudo que conhecia. Dante e eu não sabíamos o que fazer com ela, então a trancafiamos em uma das inúmeras celas abarrotadas de gente nas masmorras do nosso castelo. Posso imaginar o tipo de violencia que Cassie sofreu ali. Suas súplicas ecoavam pelos corredores frios durante horas, até que um dia ela se cansou de gritar. Seus olhos, assim como os meus, passaram a não ver mais as cores. Não percebia mais sons. Sua mente tornou-se vazia como um abismo escuro e seu coração tão frio quanto sou capaz de imaginar. Sua voz nunca mais foi ouvida, até que sua presença também deixou de ser sentida e ela desapareceu para sempre.
Cassie e sua mãe ainda são lembradas e é pouco provável que sejam esquecidas um dia, mas não pela razão que Dahlia morreu. Seu sacrifício foi, de certa forma, a ajuda que Dante precisava. Ela morreu por contrariá-lo. Sua filha foi tomada pelas trevas e consumida pela dor. Poucos atreveram-se a enfrentar o rei depois deste triste episódio.
Acredito que essa história tenha se tornado uma espécie de lenda, já que a maioria dos que a presenciaram já se foram. Essa é a parte engraçada da imortalidade: acompanhar o interminável ciclo da vida. Fatos viram lendas, lendas se tornam fatos. Até mesmo a morte deixa de ser uma certeza, dando espaço apenas para a única e absoluta: Dante é o rei. Vida e morte estão diretamente relacionadas a ele. Sofrimento, culpa, angústia e medo são apenas aperitivos. Embora eu desaprove muitas das atitudes dele, não há nada que eu possa fazer. Minha vida depende dele.
Alguns dizem também que não há pior castigo que a morte. Esta é provavelmente a única lenda que sempre foi lenda e pra sempre será. Pelo menos enquanto durar o reinado dele. Por enquanto, não há certezas. Não há piedade.
Por mais que esteja tudo confuso dentro de mim, há uma coisa que ainda não mudou: os seres humanos são absolutamente imprevisíveis. Cada um reagirá de uma forma ao se deparar com a dor. São incrivelmente persistentes e nunca perdem as esperanças. Sentem mais do que pensam, e quando pensam, sempre é em relação ao que sentem. Talvez eu não seja tão desumana assim, no final das contas. Talvez a frieza seja apenas consequencia das muitas vidas que tirei. Talvez ainda haja um pouco de esperança... talvez, mas apenas talvez, ainda haja um coração no peito daquele homem que um dia eu tanto amei.
Certezas? Vida e morte são relacionadas a ele. E eu sou apenas aquela que coloca as certezas dele em prática.


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Ah, por Deus, mil perdões pela demora pra postar! A preguiça tinha me dominado de tal forma que escrever um paragrafo era uma missão impossível. :(
Enfim, tá aí mais um pedacinho da história. Espero que gostem!

Obrigada por ler e, por favor, comenta :3

beijos mil ~