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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

The Queen's History: Why me?

A consciencia é um obstáculo, uma barreira a ser quebrada quando se busca o poder. Quando se consegue ultrapassá-la com louvor, são poucos passos até o objetivo final. Se deixada de lado, a consciencia é apenas o sinal verde para começar a mentir. A trair. A matar.
Duvido que Dante tenha conhecido a consciencia algum dia. Sempre fora um fardo que ele não estava disposto a carregar. Sentimentos nobres não faziam parte daquilo que ele chamava de coração. Ele era todo feito de orgulho, frieza e desejo. Jamais admitiria que precisava de alguém para realizar seus desejos, e escondia isso com a mais perfeita frieza. Sua voz era tão clara e fria quanto o prateado dos seus cabelos e seu toque, áspero e cortante como uma espada. Mesmo agora, continuo sem entender a razão de ter me apaixonado por um homem como Dante, mas entendo menos ainda a razão de um homem como ele ter escolhido uma tola como eu.
Fui ingenua. Quando ele disse que teríamos o nosso próprio reino, não imaginei que mataríamos pra isso. Conforme o tempo passava, eu percebia os reais desejos dele. Não era a mim que ele amava, no final das contas, mas sim minhas mãos, ágeis e precisas. Mãos de uma assassina.
O tempo passou e eu observei o homem que eu amei abdicando de toda sua consciencia e de qualquer tipo de sentimento que houvesse dentro dele, enquanto corria para alcançar a única coisa que julgava realmente importante: poder. Quando finalmente o último guerreiro caiu e o povo estava cansado demais para lutar, ele tomou posse de tudo. Derrubou casas, destruiu famílias inteiras por mera diversão. Mantive-me ao seu lado, esperando que ele fosse meu. Porém a verdade esteve sempre estampada em sua face: ele jamais pertenceria a ninguém.
Fui usada. Acreditei quando Dante disse que eu poderia ter qualquer coisa que quisesse. Hoje, sou imortal. Rica. Posso ter realmente qualquer coisa num piscar de olhos, menos a mais importante: felicidade.
Não entendo. Por quê eu? Existem milhares de mulheres no mundo. Muitíssimas delas, mais belas e habilidosas do que eu jamais sonhei em ser. Não... deve haver um motivo. Tem que ter. E é justamente por ele que eu permaneço ao lado do rei, mesmo que eu nunca venha a saber porque ele me escolheu.


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Hey ppl!
Mais uma demorinha pra postar, mil perdões. Não tenho tido muita inspiração esses dias.
Tristeza ownando porque o Dudu foi embora. Já to sentindo muito a sua falta, meu rei! Eu te amo demais, ok?

Bom, sem mais delongas, tá aí o cap, espero que gostem e comentem!

beijos mil ~

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

The Queen's History: Keep breathing

Quando se tem o poder, dificilmente alguém lhe dirá algo com sinceridade. Farão de tudo para ganhar sua confiança, darão presentes, dirão coisas maravilhosas... e quando acharem que existe algo parecido com amizade entre vocês, pedirão favores. Impossíveis. Intermináveis. Principalmente para mim.
Perdi a conta do número de pessoas que vieram a mim com a mesma intenção: buscar proteção. Acreditavam que se eu não permitisse, Dante jamais os machucaria. Prometeram-me lealdade, sacrifício e dinheiro. Alguns até ousaram fazer ameaças. Tolos... Como se alguém como eu precisasse de lealdade, algum sacrífio e principalmente dinheiro. Como se ameaças de pessoas comuns me assustassem...
Não nego que alguns me divertem com seus pedidos e promessas estúpidas, porém na maior parte das vezes, só conseguem me irritar. Sempre que vejo o aglomerado de pessoas esperando-me do lado de fora, sinto vontade de matá-los. Claro que não é prudente fazê-lo, afinal, de que vale ser uma rainha sem ninguém para me temer? Portanto, saio com a cabeça erguida e procuro ignorar a maioria dos comentários. Vez ou outra respondo alguma coisa e faço com que saiam do meu caminho. Quase sempre funciona, já que a maioria treme só de ouvir minha voz.
Até hoje, só houve um pedido que realmente mecheu comigo. Um garoto de aproximadamente 8 anos me seguiu em silencio durante horas. Manteve uma distancia segura, porém perceptiva, de forma que eu não poderia deixar de sentir que estava sendo seguida e que ele não me perdesse de vista. Quando finalmente me cansei daquele joguinho idiota e perguntei porque estava sendo seguida, ele apenas chegou mais perto e segurou minha mão. Pude sentir que sua pele era áspera e bastante sofrida. Suas roupas eram terrivelmente surradas e parecia que ele não conhecia água ou sabão. Seus pés pisavam com firmeza na neve fria, mesmo que descalsos.
Caminhamos em silencio por alguns minutos. Minha mente era bombardeada por perguntas segundo a segundo. Quem era aquele garoto? Teria família? Sabia quem eu era? Se sabia, por quê não estava com medo? Para onde estava me levando? Por quê eu estou sendo levada?
Chegamos a um beco não muito longe do castelo. Ali, a neve era tão densa que mal podíamos andar. O garoto me apontou uma caixa e fez um sinal com a cabeça que eu interpretei como "vá em frente". Dentro da caixa havia um pequeno cachorro. Seu pelo era tão ralo que eu podia ver sua pele, roxa pelo frio. Havia cortes em suas patas e em seu fucinho. Ele não se mechia.
Fiquei parada ali por alguns intantes, sem entender o que estava acontecendo. Olhei o garoto nos olhos, buscando uma resposta. Ele me olhou de volta e percebi que seus olhos eram tão negros quanto os meus.
-Ele não está respirando. - foi o que pude ouvir. Não era um pedido. Não era uma promessa.
Naquele momento eu pude perceber que aquele garoto era tão solitário quanto eu. Provavelmente vivia naquele beco absurdamente frio, dormia de baixo da neve e talvez já nem sonhasse mais. Aquele cachorro era seu tesouro mais precioso, talvez o único. E ele não estava respirando.
Ainda hoje não sou capaz de descrever os sentimentos que surgiram em meu coração naquela tarde. Eu quis correr, gritar, sumir. Porém, meus pés não saiam do lugar. Eu não me reconhecia. Estava mesmo sentindo compaixão por aquele garoto?
Sem pensar, coloquei as mãos sobre o cachorro e proferi algumas palavras quase inaudivelmente. Alguns instantes depois, pude sentir que seu coração voltara a bater. Senti aquele pequeno corpo se contorcendo sob minhas mãos, como se acabasse de acordar depois de uma longa noite de sono. Senti seu pelo aquecendo levemente meus dedos. Senti sua respiração.
Afastei-me lentamente da caixa, enquanto o garoto tomava o pequeno animal em seu colo. O abraço poderia ter durado uma eternidade, eu não saberia dizer. Quando ele me olhou novamente, havia uma gratidão indescritível em seus olhos. Havia uma sinceridade absoluta que eu não acreditava que era possível existir. Havia uma promessa: lealdade. E essa, eu senti que era verdadeira.
Nem me dei conta de como cheguei ao castelo. Ainda hoje, lembro-me exatamente daqueles olhos profundamente marcados pela dor naquele pedido silencioso por ajuda. Não perguntei seu nome. Não lhe dei comida, abrigo, conforto. Não lhe dei proteção. Tudo que aquele garoto me pediu foi pra que não deixasse que seu amigo fosse embora. Ele não se incomodava com o frio, com a fome, com a dor... mas a solidão faria todo o resto parecer grande demais para que ele pudesse suportar.
Nunca mais os vi. Não sei se resistiram ao frio e a fome. Só tenho certeza de uma coisa: eles ficaram juntos até o fim. Enquanto um estivesse ali, o outro resistiria. Nunca fui capaz de compreender esse tipo de ligação entre dois seres vivos. Algo tão profundo que nem mesmo o mais sábio dos homens saberia descrever com exatidão.
Talvez essa tenha sido a única coisa verdadeiramente boa que eu fiz, sem nem saber porque. Por incrível que pareça, eu não me arrependo. Nunca mais fiz nada por ninguém. Cumpri as ordens de execussão com louvor, continuei ignorando as promessas, os pedidos, as lágrimas... Se me perguntar a razão de ter ajudado aquele garoto, eu diria que foi porque ele foi o mais próximo de mim que eu já pude chegar. Era como um espelho. A única promessa que realmente foi cumprida... e ás vezes, ainda posso sentí-lo em algum lugar bem no fundo do meu coração.


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Hey ppl! Tá aí mais um cap. Meio triste, né? :(
Gostei bastante de escrever esse, não sei dizer porque.
Bom, espero que gostem e não esqueçam de comentar. ;3

beijos mil ~

domingo, 17 de janeiro de 2010

The Queen's History: You can't be sure about anything

Já ouvi muita gente dizendo por aí que a única certeza que se tem é a morte. Lembro-me que também acreditava nessa história, mas com o passar do tempo, as coisas acabaram ficando mais complexas. Vida e morte tornaram-se coisas relativas. As duas estão ligadas a ele.
Dahlia foi uma mulher valente. Admiravelmente burra. Teria sido de grande ajuda para a Coroa se não fosse tão nobre. Acreditava que o amor a salvaria no final. Acreditava que morrer por quem se ama a tornaria uma heroína, que seria pra sempre lembrada como uma mulher corajosa e que seu sacrificio geraria outros, fazendo com que Dante caísse. Não posso deixar de sorrir ao me lembrar de sua face contraída de dor enquanto sua pequena filha gritava em desespero, implorando por sua vida. Pude ouvi-la soluçar durante três dias e três noites, atordoada pela dor de perder tudo que conhecia. Dante e eu não sabíamos o que fazer com ela, então a trancafiamos em uma das inúmeras celas abarrotadas de gente nas masmorras do nosso castelo. Posso imaginar o tipo de violencia que Cassie sofreu ali. Suas súplicas ecoavam pelos corredores frios durante horas, até que um dia ela se cansou de gritar. Seus olhos, assim como os meus, passaram a não ver mais as cores. Não percebia mais sons. Sua mente tornou-se vazia como um abismo escuro e seu coração tão frio quanto sou capaz de imaginar. Sua voz nunca mais foi ouvida, até que sua presença também deixou de ser sentida e ela desapareceu para sempre.
Cassie e sua mãe ainda são lembradas e é pouco provável que sejam esquecidas um dia, mas não pela razão que Dahlia morreu. Seu sacrifício foi, de certa forma, a ajuda que Dante precisava. Ela morreu por contrariá-lo. Sua filha foi tomada pelas trevas e consumida pela dor. Poucos atreveram-se a enfrentar o rei depois deste triste episódio.
Acredito que essa história tenha se tornado uma espécie de lenda, já que a maioria dos que a presenciaram já se foram. Essa é a parte engraçada da imortalidade: acompanhar o interminável ciclo da vida. Fatos viram lendas, lendas se tornam fatos. Até mesmo a morte deixa de ser uma certeza, dando espaço apenas para a única e absoluta: Dante é o rei. Vida e morte estão diretamente relacionadas a ele. Sofrimento, culpa, angústia e medo são apenas aperitivos. Embora eu desaprove muitas das atitudes dele, não há nada que eu possa fazer. Minha vida depende dele.
Alguns dizem também que não há pior castigo que a morte. Esta é provavelmente a única lenda que sempre foi lenda e pra sempre será. Pelo menos enquanto durar o reinado dele. Por enquanto, não há certezas. Não há piedade.
Por mais que esteja tudo confuso dentro de mim, há uma coisa que ainda não mudou: os seres humanos são absolutamente imprevisíveis. Cada um reagirá de uma forma ao se deparar com a dor. São incrivelmente persistentes e nunca perdem as esperanças. Sentem mais do que pensam, e quando pensam, sempre é em relação ao que sentem. Talvez eu não seja tão desumana assim, no final das contas. Talvez a frieza seja apenas consequencia das muitas vidas que tirei. Talvez ainda haja um pouco de esperança... talvez, mas apenas talvez, ainda haja um coração no peito daquele homem que um dia eu tanto amei.
Certezas? Vida e morte são relacionadas a ele. E eu sou apenas aquela que coloca as certezas dele em prática.


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Ah, por Deus, mil perdões pela demora pra postar! A preguiça tinha me dominado de tal forma que escrever um paragrafo era uma missão impossível. :(
Enfim, tá aí mais um pedacinho da história. Espero que gostem!

Obrigada por ler e, por favor, comenta :3

beijos mil ~